Quando falamos de Controle Aversivo, não tem como não falar de Murray Sidman.
O controle aversivo refere-se ao uso de estímulos aversivos paramodificar comportamentos. Murray Sidman destacou a importância de entender como o medo, a ansiedade e o desconforto podem desempenhar um papel significativo na maneira como reagimos e nos comportamos em situações específicas.
Mas vamos entender um pouco melhor sobre outros termos… O que seria controle para a Análise do Comportamento?
Embora “controle” seja um termo técnico da Análise do Comportamento, ele também é utilizado no senso comum com significacados diferentes do científico. Em dicionários da língua portuguesa, controle pode ser poder de controlar; domínio, governo” ; fiscalização exercida sobre atividades de pessoas, órgão, departamentos, ou sobre produtos, para que tais atividades, ou produtos, não desviem das normas preestabelecidas”; “botão, mostrador, chave…destinado a ajustar ou fazer variar as características de um elemento elétrico”; “autodomínio físico e psíquico”; “comedimento, moderação” (Hunziker, 2011).
Na relações sociais,, o termo controle quase sempre está associado à noção de dominação ou coerção. Assim, a quem controla é imputado uma noção de “autoritarismo”. Já no campo da ciência, usamos a palavra “controle”como outros significados.
Quando falamos de controle aversivo — ou seja, evocar ou abolir comportamentos com base em estímulos aversivos -. Nos aproximamos da ideia de controle ligado à lógica das relações funcionais: se B é função de A, então A controla B. Como o estudo das relações funcionais é probabilístico (Catania, 1998 ).
Essa relação de controle entre eventos deve ser considerada da mesma forma. Nesse sentido, pode-se dizer que “controlar é alterar a probabilidade de” (Hunziker, 2011).
Sidman argumentava que a sociedade muitas vezes recorre a táticas de controle aversivo para regular o comportamento das pessoas.
A punição e o reforçamento negativo são tipos de controle aversivo.
Pois, você aumenta (no caso do reforçamento) ou diminui (no caso da punição) a probabilidade do responder pela retirada ou acréscimo de estímulos do ambiente.
Um exemplo clássico de controle aversivo é o sistema de punições em sala de aula. Quando os alunos enfrentam consequências desagradáveis, como suspensões, advertências e broncas, seus comportamentos podem ser temporariamente suprimidos. No entanto, Sidman argumenta que essa abordagem não ensina efetivamente comportamentos alternativos e muito menos constrói motivação intrínseca para aprender.
Quando falamos de punição temos algumas bandeiras vermelhas a mais, como: 1) o agente punidor se torna aversivo (ou seja, quem pune se torna aversivo), 2) há efeitos emocionais colaterais, 3) só funciona na presença do agente punidor (ou seja, se a pessoa que pune não estiver no ambiente, não funciona).
Por isso é tão importante pensarmos em estratégias de controle (ou de ensino!) que envolvam momentos e eventos bons para nossos alunos. Usando reforçamento positivo, por exemplo, ensinamos comportamentos desejáveis em vez de punir os indesejáveis. Veja: a punição não ensina nada, só suprime temporariamente (e na presença do agente punidor!), já o reforçamento ensina. E o que queremos é ampliar repertório, não é?
Ao criar um ambiente que valoriza a aprendizagem e a autodeterminação, Sidman traz que poderíamos construir relacionamentos mais saudáveis e promover mudanças de comportamento duradouras.
Concluindo, o conceito de controle aversivo ou coercitivo de Murray Sidman nos convida a repensar como abordamos a modificação do comportamento. Ele nos lembra da importância de compreender os impactos emocionais das consequências que impomos aos outros e a nós mesmos. À medida que exploramos maneiras de promover a aprendizagem e o crescimento, talvez possamos encontrar abordagens mais empáticas e eficazes para moldar o comportamento humano, com foco sempre na melhora da qualidade de vida.
Espero que esse texto tenha esclarecido algo por aí,
Um grande abraço,
Carol e Pri
Fonte:
Hunziker, Maria Helena Leite. (2011). Afinal, o que é controle aversivo?. Acta Comportamentalia, 19(4), 9-19. Recuperado em 10 de agosto de 2023, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0188-81452011000400006&lng=pt&tlng.