A neurodiversidade é um movimento que busca valorizar e celebrar a diversidade de funcionamento neurocognitivo e do neurodesenvolvimento. No contexto do autismo, a neurodiversidade é especialmente relevante, pois desafia antigas concepções de “normalidade” e enfatiza a valorização das características únicas das pessoas no espectro autista.
A neurodiversidade enfatiza que o autismo ( ou qualquer outro transtorno do desenvolvimento) não é uma condição a ser corrigida, mas uma forma legítima de diversidade humana. Ela reconhece que o autismo traz consigo uma gama de talentos, habilidades e perspectivas valiosas para a sociedade. Em vez de buscar a “normalização”, devemos valorizar e respeitar as diferenças individuais, criando um ambiente inclusivo e acolhedor para todos.
O Papel da ABA na Promoção da Neurodiversidade:
A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é uma abordagem científica que busca compreender e modificar o comportamento humano. Embora a ABA seja frequentemente associada a intervenções para crianças com autismo, seu escopo vai além disso. A ABA pode ser uma poderosa ferramenta para promover a neurodiversidade, fornecendo suporte individualizado e ensinando habilidades adaptativas.
Na prática, como analistas do comportamento devemos identificar as habilidades e necessidades únicas de uma pessoa com autismo, permitindo que os profissionais desenvolvam programas personalizados de intervenção. Esses programas se concentram em aumentar habilidades sociais, comunicação, autonomia e qualidade de vida, levando em consideração as preferências e interesses do indivíduo. A ABA busca fortalecer os pontos fortes de cada pessoa, enquanto oferece apoio nos desafios enfrentados.
O nosso foco, como profissionais ABA, que SERVEM pessoas neuroatipicas deve ser promover a melhor qualidade de vida, dando suporte para o melhor desenvolvimento de sua neurodiversidade. Temos diversos procedimentos em ABA, sem duvida. Eles estão incorretos? Não. São baseados em evidencias e tem justificativas. O que muitas vezes acontece é que são MAL justificados e e MAL aplicados.
Vamos pensar num exemplo simples: ignorar interferentes gravesporque eles são “mantidos” por atenção. Olhando pelo “procedimento” isto parece ok ( sim, extinção). Porém olhando para nossos valores (seguran;ca, vinculo, televsibilidade – e eu adicionaria aqui compaixão), isso faz sentido? NENHUM. Não é seguro ( e nem humano) com nosso paciente. O que temos, em termos de área, que aprender com o movimento da neurodiversidade, é que nós, prestadores de serviço, não estamos aqui para consertar um defeito, mas sim dar MELHORES CONDIÇÕES/ QUALIDADE DE VIDA, para o nosso aluno.
Um outro exemplo: o aluno com autismo tem um padrão rígido/ brincadeira não funcional de enfileirar carrinhos. Porém, isso não impede que ele socialize ou consiga aprender novas habilidades. POR QUE deveríamos mexer nisso então? Algumas estereotipias tem um papel significativo na organização sensorial de pessoas com TEA. Entender essa necessidade e singularidade, faz com que pensemos nisso como um comportamento que funciona para eles.
Obvio que se é uma estereotipia que causa danos, vamos ajudar essa pessoa a acessar o que ela precisa de outra forma. Mas veja: o foco não é simplesmente fazer o aluno parar. O foco é entender o que ele precisa e em cima disso, pensar em um jeito que seja menos prejudicial/ ou mais saudável para ele.
Não é focar em coloca-lo mais perto da curva normal, mas sim ENSINAR HABILIDADES QUE ELE SEJA MAIS AUTONOMO em sua vida. A linha é tênue, mas na dúvida: olhe, aprenda e se baseie no seu aluno. O que para ele é importante? o que ele precisa? O que e prioridade para ELE?
É sobre isso.
Um abraço,
Carol e Pri