“Meu aluno/filho não tem reforçadores”, ou “ele só gosta de um reforçador”, “não consigo variar reforçadores”.
Reforçadores restritos são desafios que encontramos em diversas crianças, adolescentes e adultos com autismo e atrasos no desenvolvimento. Afinal interesses restritos estão no próprio diagnóstico de autismo. E ai, fica bem difícil manter uma interação prazerosa com poucos itens reforçadores, não é?
Porém, há maneiras de melhorar a motivação do seu aluno condicionando reforçadores – e principalmente – condicionando reforçadores generalizados (aqueles que não ficam “suscetíveis” à estados saciação).
Estabelecer um bom vínculo é essencial – e este vínculo deve ser FLEXÍVEL/ resistente. Ou seja, o vínculo deve ser bom o suficiente para o seu aluno passar por situações mais desafiadoras com você e MESMO ASSIM escolher passar por essas situações. Além disso, expandir interesses é fundamental – condicionar novos reforçadores é um processo que pode ser árduo, mas extremamente possível. Há várias variáveis que podemos ir modificando e aos poucos criando/ condicionando novos reforçadores. Por fim, condicionar a atenção como um reforçador é uma das grandes chaves. Quando estabelecemos um bom vínculo, nos condicionamos com reforçadores – buscar pela nossa atenção começa ser reforçador. E como vocês já sabem, o interesse social é PIVOTAL para o tratamento dos sintomas do autismo.
Há dois tipos principais de motivação: a extrínseca e a intrínseca.
Motivação é “extrínseca” são quando os reforçadores não são inerentemente relacionados aos materiais ou processos envolvidos em uma interação. Ou seja, você precisa de algo DE FORA para que aquela atividade/ interação permaneça sendo interessante para o seu aluno.
Motivação é “intrínseca” quando reforçadores SÃO inerentemente relacionados a materiais ou processos. Ou seja, as próprias consequências daquela atividade já são legais o suficiente para manter seu aluno nela. Por exemplo: “estar limpo” é uma consequência intrinsecamente relacionada a se limpar. Ter um Doritos é uma consequência intrinsecamente relacionada a pedir um Doritos.
Num processo de aprendizagem, não há uma NECESSARIAMENTE melhor que a outra. Tudo depende do processo e do momento do seu aluno. Se o aluno precisar de itens externos, tudo bem. Usaremos. Se a própria atividade por si só já traz eventos reforçadores, melhor ainda (mais fácil será a generalização). Mas lembrem-se as duas são motivações – e é isso que precisamos para ensinar com qualidade! Aumentar a motivação intrínseca deve ser UM PASSO NECESSÁRIO no processo; mas no tempo do aluno, sempre.
Mas como aumentar essa motivação intrínseca?
Aumentar reforçadores exige bastante da gente como terapeuta. Esse já é um objetivo para o PEI do aluno por si só. Mas como fazer isso?
1- Olhe para “processos” adicionais que podem ser utilizados com materiais preferidos. Ou seja, o que mais podemos fazer com itens que o aluno já gosta?
2- Olhe para materiais adicionais a serem utilizados com processos preferidos. Ou seja, o que mais podemos usar para atividades que o aluno já gosta?
3- Olhe para jogos que já envolvam materiais e processos preferidos. Quais brincadeiras e jogos podemos incluir materiais e atividades que o aluno gosta?
Sendo assim, motivar o aluno depende: da criação de um bom vínculo, foco em variar e expandir os eventos reforçadores e principalmente seguir a liderança do aluno. É entendendo os interesses dele, que criaremos novos interesses.
Conta pra gente o que achou deste conteúdo! Tenho certeza que você vai sair por aí aumentando a motivação dos seus pacientes e alunos.
Um abraço,
Carol e Pri